terça-feira, 12 de julho de 2011

Batalhão 1912,Cart 1660, e, o pão que o (diabo) amassou.....

Enquanto a Cart 1660 se encontrou na zona do OIO, esteve quase todo o tempo agregado ao Batalhão 1912 sitiado em Mansoa.

Como este Batalhão não possuía padeiros com especialidade eu, embora não pertencesse a essa unidade,tinha no entanto sido esta a minha profissão antes de ingressar no serviço militar obrigatório.

Assim, eu e mais um colega da Cart 1660, acabamos por ser nomeados para a padaria afim de, em conjunto com  alguns outros militares aprendizes de padeiro, fabricarmos diáriamente o pão para toda a unidade.

Infelizmente, eu não gostava de desempenhar essa missão pois sempre gostei de uma vida ao ar livre e, mesmo em tempo de guerra, achava que valia a pena andar no mato em detrimento de trabalhar nessa profissão.

Pedi várias vezes para sair da padaria e ser de novo integrado na parte operacional da minha companhia, pedidos esses que nunca foram aceites por parte  do comandos desse Batalhão.

Então, só me restava  algo que os pudesse fazer mudar de ideias os comandos do Batalhão 1912, afim de que me dispensassem daquela profissão.
A  ideia que puz em acção, foi passar a retirar o pão do forno um pouquinho antes deste estar completamente cozido..... 
Não se notava muito a diferença da cozedura do pão e aliás a esmagadora maioria do pessoal nem dava por isso ou pelo menos não se queixava mas, tal ocorrencia foi suficiente para que certo dia o 2º CMDT do batalhão me abordasse no sentido de saber o porquê do pão naqueles ultimos dias estar a sair um pouco mal cozido.....

Respondi que o problema era daquele tipo de  farinha que não cozia bem.....
 O homem acabou por acreditar, ou pelo menos, fez que acreditou... De qualquer das formas, no dia seguinte compareceu lá um padeiro com a especialidade. Ignoro donde o foram descobrir mas a verdade é que, assim desta forma um pouco antipática diga-se, acabei por conseguir livrar-me daquela prisão e do calor intenso que se vivia dentro da padaria.

Durante o resto da minha comissão, fiquei um pouco indignado comigo mesmo por ter usado aquele método antipático afim de me livrar da (maldita) padaria, no entanto fiquei feliz por vir a saber que a partir do dia em que saí de lá, o pão passou a ter a cozedura normal, não havendo portanto prejuízo para terceiros e se os houve foram diminutos......

Penso hoje que estas cenas são próprias da juventude irreverente e escusado será eu agora dizer que, se fosse nos dias de hoje eu escolheria outro método mais (simpático) para conseguir dizer adeus àquela padaria.....;-)

sexta-feira, 1 de julho de 2011

OIO. Patrulhamento na Mata de Morés em Janeiro de 1967.

Depois da CART 1660 ter permanecido em Mansoa desde a data da sua chegada à Guiné em inicios de Fevefreiro de 1967, eis que, a companhia é destacada para o Olossato afim de fazer alguns patrulhamentos na mata de Morés durante um mês e tal.

Certa madrugada por volta das 4 horas da madrugada, deixamos o aquartelamento, atravessamos a pista de aviação da zona e eis-nos embrenhados na mata a caminho das proximidades da temivel zona de Morés.

Caminhamos vários kilómetros em patrulhamento, acabando por ficar emboscados em (meia lua) numa mata perto de zona descampada tipo bolanha seca a uns escassos metros do trilho usado pelos guerrilheiros do PAIGC.

Surge então uma avioneta por cima de nós a dizer que avançassemos um pouco mais em frente, isto perante a nossa rebeldia onde pragejavamos em coro que o coronel que lá andava em cima, se acaso estivesse cá em baixo, não iria concerteza cometer o suicídio de com  apenas uma companhia querer entrar naquela zona sagrada para os PAIGC.
Alem do mais, a avioneta estava a denunciar a nossa presença.

No entanto, logo após esta se afastar do local e quando nos preparavamos para avançar um pouco mais, isto eram cerca das nove horas da manhã, surgem dois guerrilheiros armados de espingarda Kalasnikov de alça em tiracolo, vindos de dentro da mata caminhando no trilho e  entrando na tal zona descampada (zona de morte).

O meu plelotão, abre fogo de rajada sobre eles. Um cai fulminado pelas balas largando a arma, enquanto o seu companheiro tenta fugir agarrado a uma perna cocheando, cocheando, sendo de imediato abordado no sentido de se afastar da arma que trazia e que levantasse as mão no ar.

É de imediato capturado, levado em maca para os arredores e posteriormente evaquado de Helicoptero.
Foi entretanto durante este tempo de espera  que elementos nativos da nossa milicia insistiam para que o homem não fosse evaquado e que eles próprios se encarregariam de o fuzilar ali mesmo....

Não concordei e dei disso conhecimento ao nosso CMDT de companhia ali presente o qual deu de imediato ordem para que fosse evaquado alegando que já tinha mandado chamar o  helicoptero para o levarem para Bissau.

Durante este tempo de espera, aproximei-me da maca onde este se encontrava, perguntando-lhe em bom português o que fazia ele e o seu companheiro por ali....
Respondeu em creoulo mas entendi bem o que disse quando repetiu insistentemente (filho da p... do Amilcar Cabral.  F..... da p... do Amilcar......).

Óbvio que a sua intenção ao dizer aquilo, seria tentar escapar com vida e, consegui-o!
Chegou entretanto o heli, e lá foi ele na direcção do Hospital de Bissau. Posteriormente foi muito útil às companhias de comandos e paraquedistas que se serviram dele como guia nas suas  diversas  OP na mata de Morés.

O curioso no meio disto tudo, é que passado cerca de um ano, quando o meu pelotão se deslocou de Mansoa à piscina de Nhacra para tomar uma banhoca e beber daquela água que já não estavamos habituados a beber... pois não precisava de ser filtrada, acabamos por lá encontrar o nosso ex-guerrilheiro preso em  Morés.

Era um rapaz feliz dando enormes mergulhos do trampolim mais alto da piscina. Recordo que tentei imita-lo mas acabei por provocar uma pequena lesão na cabeça quando bati com ela no fundo da piscina. Mas nada de grave.
Fiquei mesmo assim imensamente  feliz por ver este rapaz alegre ao lado dos nossos companheiros, nesta altura tambem companheiros dele, os comandos de Bissau.

Jorge Lobo

sábado, 5 de fevereiro de 2011

GUERRA NA GUINÉ:-A VERDADE QUE FICOU POR DIZER

Ao longo dos tempos, após terminada (e bem) a guerra na Guiné Bissau, temos vindo a ser constantemete bombardeados ou mesmo sofrido lavagens de cérebro com  os jornalistas e políticos que temos neste país, os quais dizem à boca cheia que, a Guerra na Guiné estava por volta do 25 de Abril ganha pelo PAIGC.

Há poucos anos atrás, circulou por cá um filme cinematográfico com actores guineenses onde se tentava a todo o preço persuadir-nos de que tinhamos a guerra perdida na Guiné por altura de Abril de 1974.

Pois bem meus caros companheiros de guerra, por aquilo que tenho lido neste bloog, escrito por pessoas altamente credenciadas, sou levado a acreditar que afinal, ao con trário do que vem sendo dito a este respeito, Portugal tinha nessa data o território da Guiné completamente controlado.

Houve na verdade uma fase critica por volta de Maio/Junho de 1973, data em que tinham sido abatidas
duas ou três aeronaves de combate pertencentes á nossa FAP.
Mas, pouco tempo depois, a aviação voltou de novo a liderar o espaço aéreo na Guiné, controlando por completo a actividade bélica do (PAIGC).

Vários camaradas de guerra têm deixado neste espaço, algumas realidades que eu desconhecia. Recordo por exemplo que o pessoal que esteve na Guiné depois da minha comissão ( 1967/1968), afirmam solenemente que muitas das zonas onde eu tinha tido constantes contactos com o IN, essas zonas estariam já totalmente controladas pelos militares portugueses 2 anos após a minha passagem nessas zonas. (exemplos: a zona do OIO) que foi onde eu passei a minha comissão com constantes e perigosos contactos bélicos com o IN.

Estou plenamente convencido de que no ano de 1974 o PAIGC se limitava a ataques esporádicos com infiltrações vindas do lado de lá da fonteira.
 Pelo que sei, as zonas que no meu tempo eram constantemente alvejadass, estavam  praticamente isoladas de ataques já que ao longo do tempo, o mato e árvores junto das estradas e caminhos foi sendo largamente descapinado pois era aí nas bermas das estradas e caminhos que o PAIGC se sentia mais à vontade para lançar as suas emboscadas ficando posteriormente com poucas hipoteses de sucesso nos seus ataques.

Não está em causa a Guerra em si, já que esta nunca devia tampouco ter começado e só existiu devido à teimosia politica que tinhamos na altura.

Para finalizar, sou de opinião que:- Visto que tivemos de lá andar, como bons portugueses e guerreiros que somos, é tempo dos nossos politicos e jornalistas deixarem de menosprezar o valioso contributo nacional que muitos milhares de rapazes portugueses deram, conseguindo controlar quase por completo a situação na zona até que a guerra terminasse e quando esta terminou, a vitória final estaria muito perto caso não acontecesse em Portugal o tão almejado 25 de Abril.

Claro que o PAIGC sempre arranjaria formas de chatear o pessoal mas nunca da forma gravosa que o fazia anteriormente já que ao longo dos anos de guerra o seu espaço de manobra foi sendo drasticamente reduzido para si.

Deixa-nos tristes a forma como assiduamente ouvimos ou lemos noticias onde se afirma, que tinhamos a guerra na Guiné totalmente perdida e que o PAIGC já tinha (zonas libertadas). Uma pura mentira, já que os nossos comandos africanos MANDAVAM em toda a região da Guiné Bissau e tinham até o atrevimento de atacar, capturar material de guerra e desmantelar o PAIGC nas suas bases de apoio do lado de lá das fronteiras nomeadamente Republica da Guiné e Guiné Conacri para onde o PAIGC foi obrigado a acantonar-se perante a pressão que ao longo dos anos de guerra foi sendo exercida sobre si pelas tropas portuguesas.
É tempo de reconhecer a verdade dos factos, é tempo de deixarmos de ser humilhados pela nossa presença na Guerra de àfrica, é tempo de deixarmos de ser considerados carrascos vencidos, já que a nossa missão na guerra foi sempre vitoriosa e  a bem do país que tinhamos na altura assim como agora acontece com os militares presentes na Bosnia, Afeganistão,ect.
Quem sabe se estes mesmos militares a quem agora chamam de herois não serão num futuro próximo considerados como invasores de propriedade alheia tal alguns têm querido fazer crer a respeito de nós, militares vencedores mas arrogantemente incrcriminados e mal tratados pela nossa presença na guerra nas ex-colónias de África.
Um abraço a todos
Jorge Lobo

sábado, 8 de janeiro de 2011

Guiné, o Ex-Vietaname africano (Companhia de artilharia 1660)

Depois de fazer a recruta em Vila real, a especialidade de artilharia em Penafiel e o IAO no Guincho(Cascais), embarcamos a 7 de Feveiro de 1967 para a Guiné onde a companhia 1660 desembarcou a 11 desse mesmo mês.


Ao chegarmos a  Bissau o pessoal da minha companhia sentiu pela 1ª vez o cheiro típico a terra queimada, aquela terra vermelha típica de terras Áfricanas.


Logo após o desembarque recebemos a notícia de que iamos ficar destacados em Mansoa e de seguida alguem nos confidenciou que Mansoa era nem mais nem menos que um local de extremo movimento bélico........


Subimos para as viaturas e logo à chegada a essa vila de Mansoa, sentimos-nos tristes e desmoralizados ao ver a alegria do pessoal a quem iamos render e que era a Companhia nº 816 (Lobos do OIO). Os seus elemetos encontravam -se sorridentes aos pulos em cima das suas viaturas, tirando as fotos de despedida afim de momentos depois seguirem para Bissau para embracarem para a metropole  no próprio navio de onde tinhamos desembarcado pouco tempo antes.


Ficamos adidos ao Batalhão 1857 que actuava nas temíveis zonas de Sarauol, Locher, Changalana, Cobonje e por vezes tambem em Morés.


Não foi preciso muito tempo para que o meu plotão fosse batizado de fogo.

Uma semana após, quando fomos em viaturas buscar uma companhia que vinha da mata do Locher, fomos emboscados a cerca de 6 Kms do Jugudul na estrada esta que liga as localidades de Mansoa e Portogol.


Aqui, tivemos a oportunidade de conhecer finalmente o amargo sabor da guerra, ao ver um ferido pertencente á companhia 1420 ou 1421(salvo erro) a qual tinhamos ido escoltar.

Ao ouvir os primeiros tiros, pensamos que ainda estavamos nos treinos do IOA no Guincho, só passados momentos verificamos que ali, as balas não eram de madeira mas sim  de chumbo envolvido em metal de  latão....


Um mês passado, nova emboscada na zona do Alto Namedão, onde um elemento da nossa milicia que ia à frente da coluna, foi atingido por uma roquetada que lhe arrancou o cinto e cartucheiras indo rebentar atrás de si sem lhe causar qualquer ferimento.


3 semanas e eis que rebenta uma mina na segunda viatura da companhia quando iamos a caminho de Portogol. Vários feridos e um  furriel morto, que ia ao lado do nosso motorista.


Um mês depois estavamos no quartel, ouvimos um grande estrondo na estrada Mansoa-Portugol. Vamos de imediato ver o que se passava e deparamos com um Hanimog destruido com vários pedaços de pernas espalhadas no terreno num raio de 100 metros e ainda com a bota calçada. Tinha sido devido a mais uma mina anticarro que tinha rebentado numa viatura da companhia do batalhão onde estavamos agregados. Vários mortos e feridos.


Uma semana depois, um  patrulhamento ao Sarauol. no lado de lá da  bolanha, entre Cutiá e Sarauol, o soldado Aradas repara num fio de aço ao lado da picada, fio este que estava ligado a uma granada defensiva. (armadilhada), a qual foi desmontada pelo nosso furriel, Farromba.

Recordo que para essa operação tinha sido chamado à ultima hora um soldado  que não era previsto sair nesse dia. Curiosamente, esse mesmo soldado, que tanto se lamentou por ter sido nomeado para essa operação e que, a caminho do objectivo ia a rezar de  terço na mão para que nada de mau lhe acontecesse... foi esse mesmo João o unico morto em combate quando a companhia se encontrava estacionada em circulo dentro da mata do Sarauol. Foi atingido por um estilhaço de morteiro 82 que passou por baixo do tronco de uma árvore caída no solo atingindo-lhe a cabeça quando este estava  a meu lado deitado atrás do tronco da árvore.



15 dias depois, fomos até perto da temível mata do Locher em viatura afim de trazer uma companhia que vinha de uma operação no local. No momento em que chegavamos ao local onde nos deviamos encontrar com a companhia 1420, estava ainda essa companhia a fazer fogo sobre o acampamento IN . Minutos depois pouco antes da 1420 se encontrar com a nossa companhia, sofre uma emboscada já muito perto do local onde nos iria encontrar.

Casualmente e sem se aperceber disso, o inimigo montou a emboscada à 1420 numa zona em que  a minha companhia (1660)estava precisamente emboscadoa à espera da companhia 1420. Assim, o IN ao fazer fogo para a 1420 que vinha da sua casa de mato, acabou por ser fustigado por trás e pela frente através da resposta imediata da companhia 1420 e de nós cart 1660 tendo permitido a mim próprio alvejar com sucesso um militar do PAIGC que se encontrava a disparar contra a companhia que vinha do objectivo. Este IN estava empoleirado no cimo de uma árvore com uma arma kalasnikov(costureirinha) que não chegmos a capturar porque entretanto a companhia 1686 já estava junta de nós para seguirmos na direcção de Mansoa. Fica para a história uma cena passada quando disparavamos para o In, pois um cabo do meu pelotão viu-se com a arma encravada e ficou em pânico tendo sido eu a desencravar-lhe a G3 com a minha faca de mato e foi já com a arma dele desencravada que atingi o tal elemento IN já que a minha arma de tanto fazer fogo o seu cano já estava em brasa e quase a não conseguir disparar e eu tambem já tinha poucas munições.


Uma paragem no caminho para descansar e eis que ; o Aradas, (rambo à portuguesa), olha  em frente na picada e vê um grupo IN a cerca de 200 metros saindo da estrada e infiltrando-se na mata. Todos levantamos para continuar a marcha na direcção de Mansoa.

Sózinha à frente da coluna e a cerca de uns 100 metros de distância do segundo militar da coluna, ele aproximou-se sozinho do local onde os guerrilheiors se tinham emboscado ao lado da estrada.

Dispara sobre o IN  provocando de imediato um arraial de fogo dos dois lados das tropas conseguindo  o Aradas, minimizar os danos já que desta forma não fomos apanhados de surpresa pelo IN. Mesmo assim tivemos um morto pertencente a uma companhia do Batalhão 1912.


Após uns seis meses de comissão, calhou ao meu pelotão ir para o destacamento do Jugudul, o qual não possuía abrigos porque se supunha que o inimigo nunca o atacaria por ser uma ex-escola. Mais tarde depois da nossa substituição no Jugudul, este destacamento haveria de ser atacado fazendo vários feridos a quem lá estava destacado e com um morto do lado N do qual falarei mais adiante.


Do Jugudul fomos destacados para a ponte de Braia por 2 meses e daí voltamos para Mansoa para continuar a parte operacional.

Estavamos praticamente a meio da comissão.


De novo em Mansoa, quando certa madrugada o Jugudul era atacado.

Na manhã seguinte o meu plotão foi lá fazer o reconhecimento e encontramos o municiador de metralhadora IN deitado no chão morto de costas e enrolado num pente de balas de alto calibre, atrás de um monte de baga-baga.


Pouco tempo depois, a companhia 1686 pertencente ao batalhão (1912) que entretanto tinha substituido o Batalhão 1657, fez um golpe de mão na mata de Tenha-Locher e no regresso sofreu uma forte emboscada mesmo na bolanha junto do acampamento do que resultaram vários mortos e feridos, tendo lá ficado abandonado morto um soldado milicia que era o melhor guerreiro que tinha esse batalhão.


Uma semana passada somos acordados por volta da meia noite tendo o nosso capitão dito na formatura que se seguiu, que teriamos de ir destruir por completo o acampamento turra onde uns dias antes tinha havido todos aqueles mortos e feridos, no Locher.


Foi um problema para a nossa saída do quartel. Pertencia  ao meu plotão ir à frente da coluna para o objectivo e, o nosso alferes comandante de plotão e mais um cabo da minha secção, entraram em pânico e isso provocou que o CMDT de companhia pedisse voluntários para ir à frente sempte que houvesse operações de assalto a casas de mato.

Acabei por me incluir nesse (voluntariado....).


Chegamos ao Locher, entramos na mata  por volta das 4H30 da madrugada. Seguimos por fora da picada cortando ramos de arvore para conseguirmos passar  de forma a evitarmos a sentinela IN,

Finalmente entramos no acampamento. Estava abandonado de forma que, restou-nos destruir (queimar)as casas de mato. Regressamos  ao quartel sem qualquer contacto com o IN.


Uma semana depois,  mais um patrulhamento na zona de Ga Fará já perto de Morés, na operação (estrela do norte). Eu ia em 2º lugar à frente da coluna juntamente com a milicia.Encontramos uma casa de mato com vários guerrilheiros a fugir, disparei atingindo um deles tendo-lhe capturado a sua arma, (Kalasnikov)., Recordo a sorte em que a caminho de Ga Fará encontramos uma armadilha no caminho a qual não seria detectada  se acaso a minha companhia tivesse saído de noite como estava previsto o que não veio a acontecer porque o pessoal se atrasou. Tinhamos levado um raspanete do capitão por nos termos atrasado mas Isto permitiu ter chegado  era ja dia ao local onde se encontrava a armadilha que acabou por ser visivel  depois desmontada.


Pouco tempo depois fomos passar cerca de um mês ao Olossato, arredores de Morés.

Num patrulhamento com emboscada, ferimos um elemento IN capturando-lhe a respectiva arma, sendo esse elemento transferido para Bissau onde foi curado ao joelho ficando por lá como guia das nossas companhias de comando.


Regressados do Olassato a  Mansoa, fizemos um golpe de mão perto de Uaque local onde se acoitava um grupo IN que na altura montava minas anticarro na estrada mansoa-Bissau.

O acampamento estava desabitado, pois antes de lá chegarmos o IN já tinha de lá fugido excepto o seu enfermeiro que não tinha tido tempo de fugir com os companheiros e se encontrava a dormir tendo-lhe sido capturada por mim e um soldado milicia a arma e a bolsa de enfermagem.


mais uma ida à zona do Sará fazer uma emboscada para tentar apanhar na fuga o inimigo que tinha sido  surpreendido num golpe de mão por parte da do Batalhão de Mansabá.


Finalmente o meu plotão foi destacado para Cutiá.

Numa ida em viaturas a Mansoa, fomos emboscados em Sansanto tendo o Aradas e eu, feito o reconhecimento à mata, após a emboscada. Estivemos perto de capturar um elemento IN ferido o qual só não foi capturado por minha culpa ao pedir ajuda ao Aradas para me ajudar a localiza-lo já que eu tinha ouvido os seus gemidos ali por perto. Pla vida fora, rrependi-me de ter chamado o Aradas pois penso que sózinho eu teria capturado não só o guerrilheiro mas tambem a sua arma.

Este, acabou por deixar de gemer e não o conseguimos encontramos encontrar no capim porque tinhamos pressa de continuar a viagem nas viaturas para ir a Mansoa.


Na semana seguinte tudo nos correu pior, pois quando iamos de novo a mansoa abastecer, seguiamos em 2 viaturas uma delas rebocando a outra por avaria.

Iamos a cerca de 20 Km/hora e eramos alvos faceis.

No preciso local de uma semana antes, fomos de novo emboscados e na viatura onde eu seguia, houve vários feridos e um morto pertencente ao plotão de morteiros que com nós se encontrava estacionado em Cutiá.




Por fim, fomos passar  os ultimos 3 meses a Bissau de onde embarcmos  finalmenmte para Portugal ao fim de 22 meses de Guerra acesa e encarniçada na Guiné.


Numa opinião final, o que mais me custou na Guiné n ão foi propriamente a guerra em si mas sim a sêde que lá passei. Água de péssima qualidade que tinha de ser desinfectada e filtrada, ordenado pequeno quando comparado com o que ganhavam na altura em Angola ou Moçambique. Só mais tarde o Gen. Spinola conseguia que os militáres da Guiné ganhassem o equivalente aos companheiro de Angola e Moçambique. nessa altura já tinhamos regressado.


Aos militares, (herois de algibeira que temos hoje), àqueles militares mimados que hoje vão passear vão apenas 6 meses para o Kosovo apenas  ou paquistão acompanhados de jornalistas e mimados que nem bebés, com direito diário e gratuito a falar com seus familiares por internet  com vídeo e ganhando chorudos ordenados, a esses nem lhes passa pela cabeça o que os seu progenitores passaram na guerra da Guiné Bissau onde sim, a morte os espreitava em cada esquina ou atrás de cada árvore ou monte de baga-baga naquelas temíveis matas mesmo ali ao lado pertinho dos nossos quarteis..


sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Operação "Estrela do Norte" CART 1660 Guiné

CART 1660 1967/1968-Saimos do aquartelamento de Mansoa em direcção a Sansanto afim de fazermos um patrulhamento na área